Qual o futuro da(s) tecnologia(s)?

Quando falamos sobre as mudanças estruturais na sociedade através da tecnologia, é possível ver ao menos duas tendências. Uma primeira remete à imagem usada por Niall Ferguson em A praça e a torre: Enquanto antes a sombra da torre (formas centralizadas de governo) protegia a praça, agora é o brilho da praça que vai iluminar a torre. A promessa, aqui, é que os processos de transformações digitais trariam mais descentralização, democratização e inclusão. Já uma segunda tendência defende que tais promessas logo foram cooptadas por uma lógica de padronização pelas big techs, dando lugar a problemas como um circuito mais restritivo através de pré-definições algorítmicas, lógica de câmeras de eco, usurpação de dados e riscos à privacidade (p. ex. no debate sobre capitalismo de vigilância). Nesta apresentação, proponho situar essas tensões ao defender que a questão sobre modelos de tecnologia deve ser ligada à sobre como queremos viver no futuro. Isso abre a possibilidade para pensar a tecnologia de maneira mais plural, e mostro como tanto um filósofo chinês como um xamã Yanomami podem ajudar nesta empreitada. Significa, afinal, pensar a inovação para além das ferramentas que já estão dadas, ampliando a esfera do que é possível criar.